Wolfgang Effenberger

Historiador Militar


O Estado-Maior russo não poderá excluir a possibilidade de que os maiores exercícios da história da NATO a partir de dia 12 sirvam de cobertura a um verdadeiro ataque no âmbito da contra-ofensiva, tal como os Baltops 2022 seviram para encobrir o ataque aos Nord Stream


Em 1 de junho de 2023, após a cimeira da "Comunidade Política Europeia" (CPE)(1) na Moldávia, o chanceler alemão Olaf Scholz deu poucas esperanças à Ucrânia de um convite rápido para aderir à NATO, sublinhando que a rápida admissão do país não está garantida, mesmo após o fim da guerra de agressão russa:

«Existem critérios muito claros para a adesão»(2),

Scholz afirmou, sublinhando que um país com conflitos fronteiriços não pode ser admitido. A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, expressou opiniões semelhantes, mas referiu-se à política de "portas abertas" da NATO. Neste contexto, é repetidamente sublinhada a autodeterminação dos países para "escolherem livremente a sua aliança". É claro que os países são livres de escolher, mas não têm o direito de serem efectivamente admitidos numa aliança.

Assim, a Rússia nunca teve a oportunidade de se tornar membro da NATO. Sob o comando do primeiro presidente do jovem Estado russo, Boris Ieltsin, a adesão do seu país à NATO foi declarada em 1991(3). Um ano antes, Mikhail Gorbachev pretendia integrar a União Soviética na Aliança do Atlântico Norte. Em 1994, a Rússia assinou oficialmente o programa da Parceria para a Paz da NATO, uma iniciativa de cooperação militar destinada principalmente aos países do antigo bloco soviético. O presidente dos EUA, Bill Clinton, descreveu a construção da Parceria para a Paz da NATO como um "caminho para a adesão à NATO", o que de facto se revelou verdadeiro para todos os outros países do antigo Bloco de Leste — excepto a Rússia.

O tratado fundador da NATO (4 de abril de 1949) exige que se entenda que a reconstrução económica e a estabilidade são elementos importantes da segurança de todos os membros da NATO. O Plano Marshall também deve ser visto neste contexto. Em 1949, o primeiro Secretário-Geral da NATO, Lord Ismay, declarou sem qualquer desculpa a missão da fundação da NATO:

«Manter a América dentro, os russos fora e os alemães fora.»(4)

Imagem de capa por Latvijas armija sob licença CC BY-NC-ND 2.0

geopol.pt

ByWolfgang Effenberger

Antigo capitão pioneiro na Bundeswehr, após doze anos de serviço, estudou Ciência Política e Engenharia Civil/Matemática em Munique. Ensinou no Colégio Técnico de Engenharia Civil até 2000. Desde então, tem publicado sobre a história recente da Alemanha e geopolítica dos EUA.

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