Jochen Mitschka


Contrariamente à opinião dos meios de comunicação social ocidentais de qualidade, o prestígio e o respeito pela Federação Russa aumentaram, e não diminuíram, desde o envio do seu exército para a Ucrânia


Torna-se cada vez mais evidente que o sucesso das operações antiterroristas da Rússia na Síria, na República Centro-Africana (RCA) e, mais recentemente, cada vez mais no Mali, pode pôr fim à longa projecção de poder dos países neocoloniais ocidentais em África. A razão reside nas décadas de operações militares mal sucedidas contra o terror em África, influenciadas pelo Ocidente, com as quais o Ocidente não lutou tanto contra o terrorismo como projectou a sua importância como força militar. Agora chega uma organização mercenária privada e armas russas e, em poucos anos, aquilo que foi aterrorizado durante décadas é eliminado. Enquanto a Rússia assume assim o papel de apoiante militar em África, a China assume o papel de promotora económica com base no modelo chinês de sucesso. As infra-estruturas e a industrialização estão agora a ser impulsionadas pela China, o que foi prometido durante décadas pelos antigos países coloniais, mas nunca concretizado porque estavam apenas interessados em extrair matérias-primas e mão-de-obra baratas. Mas este PodCast pretende também lançar luz sobre outros aspectos do novo papel da Rússia na futura política mundial, que de outra forma dificilmente são comunicados aos consumidores alemães de media pelos media de qualidade.

Em primeiro lugar, uma breve explicação da nova ordem mundial emergente. Esta será constituída por três blocos. Em primeiro lugar, os apoiantes de um hegemon em declínio, os EUA, que se comportam em parte como ânodos sacrificiais para manter o império vacilante. Depois, há uma ordem mundial multipolar, caracterizada por relações vantajosas entre Estados independentes e soberanos. Já expliquei muitas vezes o que significa multipolar. O terceiro grupo, o grupo dos Estados não alinhados, continuará a existir durante algum tempo. Este não deve ser comparado com a antiga associação de Estados não alinhados, mas é constituído por países que actualmente tentam manter boas relações com ambos os blocos.

No entanto, o império está a fazer tudo o que pode para impelir o último dos três blocos para a aliança do multipolarismo, mais recentemente ameaçando com sanções secundárias se estes continuarem a não impor obedientemente sanções à Rússia.

A Rússia em África

geopol.pt

ByJochen Mitschka

Foi consultor no Sudeste Asiático e participou numa missão da ONU no Vietname. Publicou vários livros sob sobre política e sociedade na região sob vários pseudónimos. De regresso à Alemanha em 2009 coordenado projectos numa grande empresa de software até 2017. Traduziu vários livros de geopolítica. Desde 2021, coloca os seus textos à disposição da associação sem fins lucrativos «Der Politikchronist».

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