Ricardo Nuno Costa
Editor-chefe GeoPol
Biden é efectivamente o presidente proteccionista que Trump tentou ser,
mas de forma suja e às custas dos seus aliados europeus
Já aqui foi abordado várias vezes o tema do Nord Stream e a impossibilidade de que a Alemanha continuasse conectada à Rússia. A capacidade e expertise industrial germânicas aliadas à quase inacabável fonte de recursos e matérias-primas russas supunha uma aliança de interesses extraordinária. Esta ligação, que acabaria por juntar o continente de Lisboa a Moscovo, era (e continua a ser) um processo natural. Mas também supõe uma ameaça estratégica ao domínio industrial global norte-americano. Se não se entende este marco incorre-se no disparate comum de interpretar o que se passa na Ucrânia desde 1991 como uma serie de acontecimentos avulso, quase passados ao acaso, quando na realidade são tudo consequências da sorte geográfica daquele território se encontrar na Europa, ser berço e fazer parte do Russkiy Mir (mundo russo) há mil anos, e sobretudo ser cobiçado pelos EUA, não só como fonte industrial, mas sobretudo com o intuito de desfazer quaisquer sinergias entre a UE e a Rússia.
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