Hans-Jürgen Geese
A Europa como uma papa uniforme. É isso que se pretende. Uma papa uniforme do tipo mais barato. Um tamanho único para todos os políticos. Uma política de tamanho único. Lembrem-se: o Homo economicus não é um ser humano. É um produto artificial, criado com o objectivo de enriquecer uma pequena elite que quer dominar o mundo sem piedade
Se se quiser candidatar aos serviços secretos para trabalhar como espião ou agente, é preciso preencher um certo número de critérios de recrutamento. Existe um perfil de requisitos que inclui também critérios morais. Por exemplo, será que se é capaz de organizar uma revolta que se transforma em assassínio e homicídio? Nem toda a gente é capaz de o fazer.
A máfia também tem esse perfil de exigência. Querem saber que escrúpulos tens na máfia. Por isso, tens de provar o teu valor. E, acima de tudo: podem confiar em ti? Por isso, primeiro tens de fazer estágio na máfia durante algum tempo. E ainda mais importante: tens de ser capaz de manter a boca fechada. Caso contrário, tudo pode ser descoberto. Por isso, não é de admirar: só os mais inescrupulosos conseguem chegar ao topo nos serviços secretos e na máfia.
No mundo da política, a situação é actualmente semelhante. Com um pouco de observação, apercebemo-nos de que, de facto, tem de haver algo como um perfil fixo de requisitos nos escalões superiores. Porque as pessoas que andam a saltitar lá em cima são tão parecidas que é preciso ser cego para não ver o jogo e as suas regras. No entanto, devo acrescentar imediatamente que nem sempre foi assim. No passado, personalidades, verdadeiras personalidades, das mais diversas origens e das mais diversas ideias podiam chegar a presidente ou a primeiro-ministro. Actualmente, isso já não é possível. Hoje, são como duas ervilhas numa vagem.
Imagem de capa por Faces Of The World, sob licença CC BY 2.0
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