Ricardo Nuno Costa
Editor-chefe GeoPol
Se dúvidas houvesse, ficou claro com as imagens de uma festa em Wuhan em meados de agosto, que toda a história em volta do 'bicho' tinha sido mal contada desde o início. Talvez algum dia saibamos a verdade, ou talvez não.
A questão dos confinamentos eternos e das vacinações compulsórias têm muito que se lhe diga. E muito se tem dito e escrito. E as razões podem bem ter mais a ver com a economia do que com a saúde.
Há um ano, e assim que chegou à Itália, disse que o 'bicho' trazia consigo o fim de uma era. Mas que sobretudo já lá estavam todos os ingredientes (pelo menos desde 2008) para o retumbante fracasso da economia neoliberal que veremos agora implodir à nossa frente.

Só posso assumir portanto, que as nossas "elites" políticas estão querendo, com a oportuna justificação sanitária, impor mudanças nas nossas vidas, nas relações de trabalho e na economia, que afectarão de forma muito desiguais os diferentes estratos, até que se conforme uma sociedade de acorde com os seus interesses. E tudo isto de mão dada com a revolução tecnológica em curso.
Esta semana, dois artigos na imprensa alemã chamaram-me a atenção por mostrarem claramente os dois caminhos opostos que se começam a desenhar na economia germânica.
O comércio externo alemão registou um aumento inesperado em janeiro de 1,4% em relação a 2020, impulsionado pelo mercado chinês. Segundo os economistas, estas exportações líquidas serão assim capazes de compensar parcialmente as gigantescas perdas no consumo interno, numa economia que "começará a recuperar a partir do segundo trimestre".
Mas porque não é a mesma coisa ter uma loja, um restaurante, um bar ou outro pequeno ou médio negócio, com quebras de até 80% nas vendas, ou ser a Continental, Siemens, Adidas, Bayer ou qualquer das grandes indústrias cotadas em Frankfurt, a sociedade alemã vai conhecer duas realidades bem distintas: uma em sentido ascendente num mercado global cada vez mais robotizado e outra que vai para baixo, no salve-se quem puder de uma Europa cada vez mais precária.
Se no país "motor da Europa" pouco se notaram as consequências da última crise global de 2007, com a sua forte classe média e pequenas indústrias a marcarem a diferença numa Europa desigual, nada garante que este equilíbrio se mantenha. Na realidade, vislumbra-se a abertura de um fosso social inédito no país.
A chanceler Merkel, esperta raposa em oportuníssimo 'timing' de saída em setembro, advertiu a semana passada que vêm aí mais umas oito ou dez semanas críticas pela frente no plano sanitário, eufemismo para mais medidas contra a classe média, cujas reais consequências sentir-se-ão por anos.
Se esta é a situação na maior economia europeia, com milhões de cidadãos já com a corda ao pescoço, é legítimo pensar que no resto do continente as perspectivas não são mais animadoras.
Isto diz-nos muito de porque é que, ao contrário dos chineses que em agosto voltavam à vida social normal sem terem esperado pela milagrosa pica no braço, aqui na Europa nos mantenham há já um ano assustados, paranóicos e impedidos de trabalhar, até conseguirem a mudança económica, laboral e social que nos têm planeada.
As ideias expressas no presente artigo / comentário / entrevista refletem as visões do/s seu/s autor/es, não correspondem necessariamente à linha editorial da GeoPol
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