O establishment ashkenazi original encontra-se há meio século numa crise política controlada, demográfica, cultural e representativa. Há uma clivagem que sempre existiu entre os israelitas, entre uma alma religiosa e uma alma progressista. Israel é uma terra de tribos. Blocos sociais com visões do mundo e do futuro irreconciliavelmente opostas. Secularistas ashkenazis, nacional-religiosos sefarditas, ultra-ortodoxos — os haredim — e árabes israelitas, divididos em tudo, unidos por nada. Israel é uma não-nação, incapaz de ser uma, fracturada entre quase-nações


A tomada de posse do sexto governo Netanyahu (29 de dezembro de 2022), o trigésimo sétimo de Israel, foi vivida pela comunidade internacional, bem como por uma grande parte dos israelitas, como uma fratura do quadro político anterior, embora confuso e conturbado (cinco eleições em menos de quatro anos). Um trauma que foi confirmado de forma perturbadora apenas seis dias depois, a 4 de janeiro, com a introdução da chamada reforma do sistema judicial pelo vice-primeiro-ministro e ministro da Justiça Yariv Levin, acolhida — já no dia 7 — por protestos maciços e sem precedentes que se avolumaram ao longo do tempo.

Imagem de capa por Ted Eytan sob licença CC BY-SA 2.0

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