A Rússia é responsável por quase um quinto da energia total do mundo, e os produtores de energia do mundo já estão na sua capacidade máxima. Pensem bem nisso
E finalmente, parece que a União Europeia pode vir a cair em si. Bastava que as elites alemãs compreendessem que estão prestes a perder milhares de milhões e que correm o risco de sofrer convulsões. Notícias do FMI segundo as quais a interrupção do fornecimento de gás ao país custará à maior economia da Europa 1,5% do seu PIB em 2022 assusta mais a marionete Olaf Scholz do que a menina inteligente comunista Sahra Wagenknecht. O que me faz pensar, será que o comunismo foi assim tão mau, afinal de contas?
E se a Alemanha vê a luz e lamenta a total idiotice da guerra liderada por Washington contra os russos? Bem, é um pouco previsível, se pensarmos bem. A alternativa, uma guerra termonuclear global que acabaria com Londres, Paris e Berlim em primeiro lugar, também parece menos provável. Isso acabaria com gerações de mediocridade cultivada. Mas, o que esperar a seguir?
Se alguém sabe como os russos adoram uma boa piada, é certamente o filho socialista de pais tradicionais luteranos. Scholz é óptimo em posturas para as elites do Luxemburgo e os americanos, mas ele sabe muito bem que a manutenção russa das máquinas no gasoduto Nord Stream poderia em breve mimetizar o correio de Moscovo. As pessoas que se riem das manhãs de -40°C estão certamente a rir-se dos líderes da Europa alemã que correm pelo mundo a pedir gás. Só que não há mais gás para conseguir.
Wagenknecht chegou inclusivamente a estar do lado do primeiro-ministro da Saxónia da CDU Kretschmer contra Scholz sobre a realidade da Alemanha sem energia russa. A Alemanha Oriental, em particular, está em grandes problemas se um cliché de avaria mecânica russa se tornar real. Só um russo com uma grande chave inglesa pode consertar o que se quebra num sistema russo, todos sabem disso. Mas, e o actual líder da Alemanha? Será que Scholz planeia enganar Putin traindo os seus parceiros da UE?
É aqui que a falta de uma estratégia do Ocidente se torna realmente estúpida. Acontece que os alemães planearam mesmo desviar o gás dos estados mais pequenos da UE para alimentar a sua produção Volkswagen. Não, não estou a brincar. O mesmo país que declarou a Grécia como colónia e a Florida da Europa, planeou desviar a energia dos estados mais pequenos da UE para dirigir o sector industrial da Alemanha.
Os reguladores de energia alemães criaram "áreas prioritárias" para obter acesso protegido à energia se houver falhas graves de gás este Inverno, enquanto Bruxelas criou um chamado "pacto de solidariedade", incluindo o racionamento de gás em toda a Europa. A ex-ministra da Defesa alemã e actual presidente da UE, Ursula von der Leyen, emitiu planos para os estados da UE racionarem gás em 15%, numa resposta de pânico ao potencial humor energético russo, ainda no outro dia.
O presidente da UE esteve apenas recentemente no Azerbaijão a pedir gás. Mais ou menos na mesma altura, o presidente dos EUA Joe Biden foi visto de joelhos dobrados aos príncipes sauditas. Contudo, parece que o "mundo" em que as elites ocidentais insistem é contra a Rússia por causa do processo de desmilitarização da Ucrânia não é de todo contra o país do Sr. Putin. Acrescente-se a isto o facto de simplesmente não haver mais abastecimento fora da Rússia, Irão e Venezuela, e vê-se quão loucos são os líderes do Ocidente. Nunca houve aqui um plano B. E, por favor, considere, a Arábia Saudita, a Turquia e o Egipto planeiam abordar os BRICS sobre a adesão oficial em breve.
E agora, perguntam vocês? Bem, pode esperar mais serpentear e choramingar e alguns esforços para a Alemanha voltar a usar carvão para produzir BMWs. Mas, dado que lugares como a vizinha Polónia têm carências de carvão… Vê a fricção, eu sei. A experiência da UE está, sem dúvida, na corda bamba. Mesmo os Estados Unidos não podem escapar à loucura das manipulações de Joe Biden desta vez. A Rússia fornece 14 a 20 por cento da energia do mundo. Deixem-me reformular isto. A Rússia é responsável por quase um quinto da energia total do mundo, e os produtores de energia do mundo já estão na sua capacidade máxima. Pensem bem nisso.
Para manter as luzes acesas nos bancos do Luxemburgo e nas fábricas da indústria de alta tecnologia da Alemanha de Leste sem gás russo, algo dramático tem de acontecer. Os alemães irão naturalmente desviar tanta energia quanto possível para a indústria pesada no Oste, pelo que toda a fronteira oriental do país será mergulhada de novo numa espécie de situação de dias de Cortina de Ferro.
Os alemães terão de sugar a energia das casas dos cidadãos da UE na Roménia e em Sofia, ou recuar na russofobia. Para os Estados Unidos, a única solução real é invadir a Venezuela ou abandonar a indústria de fracking. E, aconteça o que acontecer, com ou sem guerra nuclear, o planeta vai derreter porque nunca houve uma iniciativa verde. Estamos lixados porque nunca houve um plano. Os oligarcas ocidentais brincaram com fumo e espelhos, e agora todos nós (excepto possivelmente alemães) vamos arder vivos no Verão e congelar no Inverno.
A boa notícia é que Putin e os russos ganharam esta antes de ela ter começado. A má notícia é que a experiência da UE e todas as nossas visões democráticas de salvar o planeta são uma farsa. Nunca se tratou de uma comunidade global. Fomos enganados, e acabámos por ser conduzidos por uns palhaços infelizes.
Imagem de capa por Jernej Furman sob licença CC BY 2.0
Peça traduzida do inglês para GeoPol desde New Eastern Outlook
As ideias expressas no presente artigo / comentário / entrevista refletem as visões do/s seu/s autor/es, não correspondem necessariamente à linha editorial da GeoPol
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UE conduzida por cegos.Alemanha merece bem ser castigada pela insolência.