Por Vladimir Platov


A quarta sessão conjunta de audições da Joint Investigation Team (Equipa de Investigação Conjunta - JIT) no caso do voo MH17 da Malásia de 2014 abatido no céu ucraniano, que começou na Haia a 1 de fevereiro, não trouxe qualquer clareza ao verdadeiro culpado do acidente que matou 298 pessoas. Demonstrou ainda ao mundo o gritante enviesamento e politização do processo.

A recusa da Holanda em investigar o envolvimento da Ucrânia no acidente do voo MH17 em 2014 não constituiu surpresa, uma vez que as forças que lideram este processo têm vindo a seguir a agenda política das forças russófobas para culpar Moscovo indiscriminadamente e sem provas do incidente. Mesmo a partir do momento em que os destroços do Boeing voando de Amesterdão para Kuala Lumpur tinham acabado de começar a cair no chão no Donbass, eles já tinham decidido sobre a alegada culpa da Rússia. E a confirmação disto é o silenciamento total da incontestável culpa de Kiev ao deixar o voo MH17 entrar na área de conflito (a menos que se tratasse de uma operação especialmente concebida), a cuidadosa ocultação do facto de as divisões de mísseis terrestres ucranianas se terem movimentado no momento do acidente e os voos de aviões militares ucranianos. Até à data, não tem havido documentação de monitorização por satélite dos EUA do território ucraniano e dos radares ucranianos, o que, no entanto, foi feito pela Rússia e onde o não envolvimento da parte russa foi confirmado.

Durante muitos anos, o tribunal holandês e a investigação recusaram ter em conta as provas apresentadas pelos especialistas russos da Almaz-Antey, bem como inúmeras outras provas da culpa da Ucrânia na queda do MH17. Entretanto, a companhia russa Almaz-Antey, que produz armamento, realizou três experiências especiais e concluiu que o MH17 poderia ter sido abatido por um míssil lançado do território controlado pelo exército ucraniano ou por um avião militar ucraniano, que se encontrava na zona de voo do MH17 na altura.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo Sergey Lavrov observou anteriormente que, em vez de agir sob a supervisão da Organização da Aviação Civil Internacional, que é exigida pelas regras da Convenção de Chicago, a Ucrânia, Austrália, Bélgica e Holanda assinaram um acordo entre eles, cuja essência nunca foi totalmente revelada, e organizaram o seu próprio grupo para investigar a queda do MH17.

Além disso, como sublinharam numerosos peritos internacionais na área dos acidentes de transporte aéreo, uma análise da investigação da JIT sobre o MH17 confirma que a investigação conduzida pelos Países Baixos não cumpre integralmente a Resolução 2166 do CSNU sobre a necessidade de uma investigação internacional completa, exaustiva e independente.

É por isso que o primeiro-ministro malaio Mahathir Mohamad declarou aberta e claramente em 2019 que "não havia provas" de que a Rússia fosse responsável pela queda do MH17 no voo sobre o leste da Ucrânia: "Estamos profundamente insatisfeitos porque desde o início esta questão tem sido politizada para acusar a Rússia de cometer um crime", acrescentou ele. "Até agora, não há provas. Apenas rumores".

Vários políticos europeus, jornalistas e numerosos peritos de renome já questionaram repetidamente a independência da investigação da Equipa de Investigação Conjunta sobre a queda do MH17, indicando que a Ucrânia poderia estar por detrás do ataque ao avião. Assim, a publicação alemã Heise escreveu sem rodeios que Kiev foi responsável pela queda do MH-17, mesmo apenas pelo facto de não ter encerrado o espaço aéreo sobre o leste da Ucrânia. A publicação sublinhava particularmente que o Conselho de Segurança holandês, que investigou o acidente, também criticou as autoridades de Kiev, mas os investigadores do incidente continuam a deixar uma lacuna para a Ucrânia, devido à qual Kiev foge à responsabilidade e nunca foi lançada qualquer investigação contra a mesma.

Outro espectáculo anti-russo, sob a forma da investigação da JIT sobre o acidente do MH17, jogado por certas forças políticas nos Estados Unidos e na Europa, mina cada vez mais a confiança da comunidade internacional no mesmo e confirma a agenda escondida dos serviços secretos norte-americanos e britânicos na organização desta campanha de propaganda provocatória contra a Rússia. Isto ficou especialmente claro após a recente revelação da escala da provocação americano-britânica com o bombardeamento Lockerbie de 1988 do voo Pan American Flight PA 103, a caminho de Londres para Nova Iorque. Depois foi inventada a falsa história dos governos britânico e americano para culpar a Líbia e justificar o derrube do líder líbio Muammar Gaddafi. A extensão desta operação foi revelada pela libertação parcial de documentos do governo britânico dos Arquivos Nacionais do Reino Unido.

Métodos semelhantes têm sido utilizados desde 2014 na pseudo-investigação holandesa do acidente do MH17 para fabricar a responsabilidade pela destruição desse voo malaio sobre a Ucrânia e justificar sanções globais contra a Rússia, mais operações para derrubar o presidente Vladimir Putin.

Em junho de 2015, o colunista britânico Caleb Gilbert apontou o possível envolvimento das agências de inteligência dos EUA no acidente do MH17 no pressbox.co.uk, colocando informações sensacionais com excertos de conversas telefónicas que dão motivos para acusar o agente da CIA - cidadão americano David L. Stern - de liderar a operação especial para destruir o voo MH17 do Boeing da Malásia.

É por isso que existe a necessidade, inclusive com a participação activa das autoridades malaias que discordam dos resultados do trabalho da JIT, de uma nova investigação objectiva sobre a queda do MH17, em vez de acreditar nos relatórios falsos sobre a questão, politizados e claramente incompetentes das acções da JIT, feitos a mando dos marionetistas em Washington. E um passo para uma tal nova investigação poderia ser, em particular, a convocação de uma conferência pública em Kuala Lumpur ou Moscovo, onde poderiam participar aqueles que estivessem abertamente interessados num exame objectivo dos acontecimentos que tiveram lugar sobre os céus de Donbass em 2014. Com um convite incondicional para participar numa conferência deste tipo enviado não só a peritos internacionais que não estão marcados por preconceitos, mas também a muitos jornalistas e testemunhas que se tornaram famosos pelas suas publicações objectivas sobre o MH17.

Publicado originalmente em New Eastern Outlook

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