Ricardo Nuno Costa

Editor-chefe GeoPol


A entrada "express" do país nórdico na Aliança suporá um incremento de mais do dobro de extensão da actual fronteira entre a NATO e a Rússia


Presidente e primeira-ministra finlandeses anunciaram hoje o seu apoio à adesão do país à NATO na próxima cimeira em Madrid no próximo mês.

Não tenho quaisquer ilusões, isto está destinado a acontecer à revelia da vontade dos finlandeses para o qual tinha sido prometido um referendo popular sobre a matéria, ou que seja sequer submetida ao parlamento, onde seria aprovada de qualquer forma.

O principal requisito interno para a admissão de novos países é que estes "acrescentem segurança" ao bloco. Cabe perguntar desde quando é que este movimento torna a Europa mais segura. Mas há mais condições e cláusulas do foro legal internacional que se está violando propositadamente, e desrespeito despudorado por acordos assinados.

Isto para não falar das ainda pendentes exigências que o Kremlin deu a conhecer por escrito à NATO em dezembro, e que esta entendeu nem sequer responder, e que obviamente chocam com a actual situação. A Rússia já tinha feito saber que a entrada da Suécia e sobretudo da Finlândia na NATO seria entendida como uma ameaça. Talvez fosse razoável começar a entender o ponto de vista russo.

O presidente da Croácia até ao momento foi o único a fazer saber que vetará a planeada extensão na medida que esta se trata de "uma aventura muito perigosa", nas palavras do seu MNE. Qualquer país poderá e deverá opor-se a esta clara provocação, mas sabemos que se tal suceder, aqueles que estão interessados na militarização da Europa darão a volta ao assunto de uma ou outra maneira, pois para este complexo nunca houve limites legais ou processuais de qualquer espécie.

Então, se esta entrada "express" do país nórdico na Aliança for adiante, suporá um incremento de mais do dobro de extensão da actual fronteira entre a NATO e a Rússia. Isto devia ser visto com muita cautela, pois todos os membros serão afectados do que dali possa vier a suceder. Isto já aqui foi dito noutro momento, mas hoje a irresponsabilidade fica mais clara e o concomitante perigo mais eminente.

Após anos de discussão em redor da tal possível e razoável da ideia da "finlandização da Ucrânia" como zona militarmente neutra entre a Europa e a super-potência nuclear Rússia, estamos agora muito mais próximos da ucranização da Finlândia. Sabem que isso quer dizer?

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ByRicardo Nuno Costa

Editor-chefe da GeoPol, é um jornalista português licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais, com estudos posteriores em Comunicação Política. Estagiou política internacional no DN, em Lisboa e trabalhou durante anos em meios digitais em Barcelona.

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