Reforçando a ênfase mútua numa ordem mundial mais justa e multipolar, o presidente russo Putin afirmou que a África é o "novo centro de poder. O seu papel político e económico está a crescer exponencialmente


Em 2019, muito antes do início da operação militar da Rússia na Ucrânia, a cimeira Rússia-África realizada em Sochi atraiu 43 países no total. O objetivo da cimeira era o "desenvolvimento e consolidação de laços mutuamente benéficos" entre a Rússia e o continente africano. Quatro anos mais tarde, a cimeira de 2023, realizada em São Petersburgo, atraiu um total de 49 países, tendo a cimeira terminado com uma declaração conjunta de 74 pontos que prometia a cooperação num grande número de áreas críticas. Como é evidente, o atual conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia (NATO) — e as persistentes tentativas do Ocidente de "isolar" a Rússia — não conseguiram tornar a Rússia pouco atraente para o continente africano. De facto, a presença de 49 países mostra uma expansão razoável da influência russa em África, derrotando a agenda EUA-Europa de impor "isolamento" à Rússia. Em segundo lugar, como mostra a declaração, a África está muito aberta à ideia de desenvolver um mundo multipolar. Na medida em que o Ocidente, liderado pelos EUA, tem vindo a insistir agressivamente numa inversão da ordem mundial unipolar da era pós-Guerra Fria, a declaração conjunta derrota-a com toda a justiça.

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BySalman Rafi Sheikh

Licenciado na Universidade Quaid-i-Azam, em Islamabad, escreveu tese de mestrado sobre a história política do nacionalismo do Baluchistão, publicada no livro «The Genesis of Baloch Nationalism: Politics and Ethnicity in Pakistan, 1947-1977». Atualmente faz o doutoramento na SOAS, em Londres.

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