Ancara, enquanto membro da NATO, está perfeitamente consciente das fissuras internas. Nos seus cálculos, a Aliança é vulnerável e deve tirar o máximo partido dessa fraqueza


A maioria dos analistas políticos ocidentais acreditava que a oposição de Erdoğan à adesão da Suécia à NATO era apenas uma manobra para angariar apoio político e eleitoral em casa para garantir a sua vitória nas eleições presidenciais de maio de 2023. No entanto, mesmo depois de vencer as eleições, a posição do governo Erdoğan sobre a adesão da Suécia não mudou. O último incidente da queima do Alcorão na Suécia veio agravar ainda mais a situação. Mais importante ainda, o grupo de manifestantes encenou este incidente islamofóbico em frente à embaixada turca. Ironicamente, o governo sueco permitiu que este incidente anti-Islão e anti-Turquia acontecesse, apesar de Estocolmo saber que este incidente poderia prejudicar as suas ambições no âmbito da NATO. Como seria de esperar, a Turquia enviou um aviso à Suécia. O incidente só vem acrescentar insulto à injúria, na medida em que só vem aumentar a lista de contenciosos existentes — especialmente a questão da extradição de líderes curdos baseados na Suécia — entre a Turquia e a Suécia. Embora a Suécia tenha inicialmente concordado com os pedidos de extradição da Turquia, o Supremo Tribunal sueco bloqueou a extradição em dezembro de 2022, complicando assim ainda mais a situação.

Imagem de capa por NATO North Atlantic Treaty Organization sob licença CC BY-NC-ND 2.0

geopol.pt

BySalman Rafi Sheikh

Licenciado na Universidade Quaid-i-Azam, em Islamabad, escreveu tese de mestrado sobre a história política do nacionalismo do Baluchistão, publicada no livro «The Genesis of Baloch Nationalism: Politics and Ethnicity in Pakistan, 1947-1977». Atualmente faz o doutoramento na SOAS, em Londres.

Leave a Reply

error: Content is protected !!