Nada disto pretende sugerir que o Médio Oriente está a emergir, ou a unificar-se, como um bloco nos moldes da União Europeia e/ou da ASEAN


O acordo entre a Arábia Saudita e o Irão, mediado pela China, e o acordo entre a Arábia Saudita e a Síria, mediado pela Rússia, permitiram vislumbrar a forma como a dinâmica da geopolítica mundial está a alterar os alinhamentos regionais. A China e a Rússia precisam do Médio Oriente do seu lado para poderem desafiar eficazmente — e mesmo inverter — o sistema dominado pelos EUA. Nos últimos meses, registaram-se alguns êxitos neste domínio, evidenciados pelo facto de muitos países do Médio Oriente terem deixado de seguir os ditames dos EUA e de alguns deles estarem mesmo a desafiar os EUA (Arábia Saudita) ou a procurar obter concessões (Turquia), sendo que países como o Irão já se encontram há muitos anos numa luta permanente com Washington. Ao mesmo tempo, o que quer que esteja a acontecer no Médio Oriente não é simplesmente o resultado da influência chinesa e russa. Muito do que se passa está, de facto, ligado às políticas específicas de determinados países e aos seus próprios (re)cálculos estratégicos em resposta à política global. Embora muito disto esteja a acontecer no contexto da mudança para a multipolaridade, os desenvolvimentos que se seguem não têm necessariamente superpotências a mediar entre os países relevantes para traçar novos rumos. Pelo contrário, mostram como a região se está a refazer como uma potência neste mundo multipolar.

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BySalman Rafi Sheikh

Licenciado na Universidade Quaid-i-Azam, em Islamabad, escreveu tese de mestrado sobre a história política do nacionalismo do Baluchistão, publicada no livro «The Genesis of Baloch Nationalism: Politics and Ethnicity in Pakistan, 1947-1977». Atualmente faz o doutoramento na SOAS, em Londres.

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