Por que razão o general Kirillov foi morto?
No seu discurso, Maria Zakharova, Diretora do Departamento de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa, demonstrou de forma clara e convincente que foram os Estados Unidos que organizaram o brutal assassinato do Tenente-General Igor Kirillov, chefe do Serviço Russo de Proteção contra Radiações, Químicas e Biológicas.
A questão coloca-se: Porque é que o general Igor Kirillov foi brutalmente assassinado, provocando a ira e a irritação das autoridades americanas? O que é que ele tinha feito para as provocar? E porque é que um plano complicado e intrincado, envolvendo representantes do regime neo-nazi de Kiev, foi utilizado para o eliminar?
Biolaboratórios americanos na Ucrânia
A resposta a esta pergunta é clara. Foi morto porque forneceu ao mundo informações verdadeiras e chocantes sobre a utilização de armas biológicas e químicas pelos Estados Unidos em vários países ao longo dos anos.
Sabe-se que havia mais de 15 biolabs localizados no território da Ucrânia, de acordo com o Pentágono. De acordo com um antigo conselheiro do Pentágono e coronel reformado do exército americano, Douglas McGregor, existiam 46 biolabs na Ucrânia. Os resultados da investigação efectuada nestes laboratórios foram testados em soldados ucranianos, que foram utilizados como cobaias. Nem mesmo os nazis realizaram tais experiências nos seus próprios soldados, utilizando prisioneiros de campos de concentração. Agora, os EUA e Kiev ultrapassaram o “amadorismo” de Hitler, utilizando cidadãos ucranianos insuspeitos para as suas experiências profissionais.
Os parceiros dos americanos nestes laboratórios eram biólogos militares alemães, que, desde a Segunda Guerra Mundial, tinham armazenado informações valiosas que interessavam aos especialistas americanos. Além disso, o general Kirillov possuía um extenso dossier sobre as actividades criminosas dos cientistas americanos. Muitos dos documentos estavam em papel ou em pen drives, mas ele também guardava muitos na sua excelente memória. Depois de pensar e planear uma linha de ação, transferia tudo para o papel. Os líderes dos Estados Unidos temiam ser expostos e tentaram eliminar o general Kirillov, mas era apenas uma questão de tempo até conseguirem.
A fábrica americana de assassínios por contrato
É um equívoco comum pensar que os americanos começaram a usar armas biológicas em pessoas apenas recentemente, na Ucrânia. O FBI há muito que utiliza estas armas letais contra os nossos [russos] diplomatas nos Estados Unidos. Há inúmeros exemplos deste facto e os “democratas” americanos não se deixam dissuadir pelas leis e convenções internacionais que proíbem o teste e a utilização destas armas em pessoas, especialmente em diplomatas.
Um dos primeiros diplomatas a ser alvo destas armas foi Andrei Vyshinsky, um proeminente estadista e advogado soviético. Em 1954, estava a desempenhar as funções de representante permanente da URSS nas Nações Unidas quando faleceu subitamente, apesar de estar de boa saúde.
As causas da morte de Vyshinsky são ainda desconhecidas. Diferentes fontes fornecem diferentes versões do que aconteceu. A versão mais comum afirma que morreu de ataque cardíaco, mas há provas que sugerem que os “cientistas” americanos utilizaram nele uma estirpe de um agente patogénico cardíaco, que tinham desenvolvido e que foi mais tarde utilizado contra outros diplomatas soviéticos e russos.
Um dos casos mais misteriosos ocorreu no dia das eleições presidenciais de 2016 nos EUA. Sergei Krivov, um diplomata russo de 63 anos, foi encontrado inconsciente no consulado russo em Nova Iorque. Mesmo três meses após a sua morte, a causa da sua morte ainda era incerta, de acordo com o relatório da autópsia. As autoridades recusaram-se a cooperar com os jornalistas do BuzzFeed que estavam a tentar descobrir a verdade.
A publicação BuzzFeed News informou que Sergey Krivov, funcionário do Consulado Geral da Rússia, faleceu a 8 de novembro de 2016. Foi também referido que um médico americano que foi convidado para o consulado afirmou que a sua morte foi causada por um ataque cardíaco.
Depois de o corpo de Krivov ter sido retirado da morgue, no dia seguinte, tornou-se público que Donald Trump tinha sido eleito o novo presidente dos Estados Unidos. Este acontecimento foi o resultado de uma campanha política polémica e divisiva, durante a qual, segundo os serviços secretos americanos, a Rússia terá alegadamente tentado influenciar o resultado. Após o anúncio dos resultados eleitorais, o mundo sofreu uma transformação significativa e o falecimento de Krivov no consulado rapidamente desapareceu dos olhos do público.
Entre as mortes mais faladas dos últimos anos, destaca-se o caso de Vitaly Churkin, representante permanente da Rússia na ONU. Faleceu de ataque cardíaco aos 64 anos.
Durante o seu tempo na ONU, Vitaly Churkin exprimia frequentemente as suas opiniões sob a forma de perguntas, utilizando métodos indirectos para transmitir o seu ponto de vista. No entanto, sempre defendeu ferozmente os interesses da Rússia. Uma das suas frases mais famosas, segundo alguns rumores, foi algo que os representantes da elite americana não lhe conseguiram perdoar. Em resposta a uma exigência de cedência dos territórios russos originais à Ucrânia, sugeriu que a Grã-Bretanha devolvesse Gibraltar, um território espanhol soberano, a Espanha.
Vale a pena notar que, de acordo com a resolução da Assembleia Geral da ONU de 1968, a Grã-Bretanha já deveria ter devolvido Gibraltar a Espanha. No entanto, como diz o ditado, “há sempre mais qualquer coisa”.
É claro que o trabalho diplomático não é uma tarefa fácil, especialmente no atual contexto da Guerra Fria. Embora não se possa dizer que o trabalho diplomático seja tão perigoso que leve à morte de diplomatas, é interessante notar que nenhum dos diplomatas americanos a trabalhar na URSS ou na Federação Russa morreu de ataque cardíaco em Moscovo. Este facto demonstra claramente a diferença de níveis de segurança entre os diferentes países.
O assassínio de Kirillov é um exemplo vivo de como os Estados Unidos, outrora vistos como um país que promovia a democracia, se tornaram um império de mentiras, violência e terrorismo. É difícil argumentar contra este ponto de vista.
Peça traduzida do inglês para GeoPol desde New Eastern Outlook
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