O Ocidente está a cometer o mesmo erro com o Irão e a Rússia, tendo empurrado Moscovo para os braços de Pequim
O acordo estratégico global entre a Rússia e o Irão, que foi adiado na 16ª cimeira de Kazan – que preferiu esperar pela identidade do novo presidente dos EUA – e que, segundo dissemos, seria assinado a 17 de janeiro (bit.ly/3DXd4mt), finalmente aconteceu.
O Russia Today titula que o acordo histórico entre a Rússia e o Irão serve para “combater as sanções e acertar contas com os adversários (on.rt.com/d3jb)”. A meu ver, os adversários não nomeados são mais do que óbvios: o eixo ocidental UE/NATO/UE e o eixo cázar (bit.ly/3QqemJr): o grande perdedor Ucrânia e o pírrico vencedor Israel.
Os 47 artigos do acordo também não o dizem, mas, na minha opinião, envolvem quatro regiões incandescentes: a fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão, o Mar Cáspio (antigo Mar Cázaro; (bit.ly/3DXholH), o Cáucaso e o Médio Oriente.
De acordo com a Tass, a implementação do projeto da central nuclear de Bushehr no Irão, que foi interrompido em 1979 por protestos alemães, dará um “contributo significativo para o reforço da segurança energética de Teerão (bit.ly/42iAqgA)”.
A PressTV do Irão congratula-se com o acordo e apresenta uma fotografia dos dois presidentes sorridentes: o russo Putin e o iraniano Pezeshkian (bit.ly/3C0yZsw).
Não podia faltar o caminho de ferro de 162 km que liga a cidade iraniana de Rasht (perto do Mar Cáspio) a Astara (fronteira com o Azerbaijão) e que liga o corredor estratégico de transporte internacional norte-sul (INSTC; bit.ly/3E1mRIc) que integra a Rússia, o Azerbaijão, o Irão e a Índia (mega-sic!).
A PressTV refere que o novo (sic) acordo terá uma duração de 20 (sic) anos e abrange os sectores da economia, transportes, energia, saúde e agricultura.
Fala-se muito que o acordo ficou aquém da formação de uma aliança militar completa, como a que a Rússia tem com a Coreia do Norte, que possui armas nucleares e mísseis hipersónicos, quando o Irão possui mísseis hipersónicos, mas ainda está a 60% de enriquecimento de urânio, o que está longe do limiar de 90% para fabricar bombas nucleares que não possui e que o mega-mendaz Netanyahu inventa para ele sempre que acorda.
O coronel aposentado do exército russo Viktor Litovkin disse à Sputnik que
a Rússia fornecerá ao Irão o equipamento militar e as armas de que este necessita para se defender (bit.ly/42hqLqs)”.
Não se trata de uma aliança militar, mas é o que mais se aproxima dela, quando a Rússia pode fornecer jactos Sukhoi Su-30 e outros sistemas de defesa como o sofisticado S-400, enquanto o Irão pode fornecer à Rússia os seus eficazes drones e mísseis. Para 4 (sic) repórteres do Financial Times (FT), porta-voz do globalismo financeirizado em franco declínio, o Irão e a Rússia reforçam os seus laços de espionagem e militares, através de uma ampla parceria, em pleno confronto com o Ocidente (sic). O FT cita Hanna Notte (HN), do James Martin Center for Nonproliferation Studies, em Berlim, que defende que a “lógica do confronto geopolítico com o Ocidente continua a aproximar os dois países (bit.ly/3PFPc9u)”.
HN argumenta que quanto mais Israel confronta o Irão e mina algum tipo de equilíbrio de poder na região, mais aumenta o apetite do lado russo para tentar contrariar essa tendência. HN exalta o seu reducionismo globalista da NATO, comentando que ainda
os interesses no Golfo (note-se: as seis petromonarquias árabes) continuam a ser importantes para Moscovo e podem continuar a impedir a Rússia de entrar em confronto com o Irão”.
O Ocidente (o que quer que isso signifique) está a cometer o mesmo erro com o Irão e a Rússia, tendo empurrado Moscovo para os braços de Pequim.
A HN está presa à defunta ordem mundial unipolar e não vislumbra a multipolaridade da nova ordem mundial e a ascensão dos BRICS+, em detrimento do enfermo G-7, quando Trump tomou a iniciativa de telefonar ao seu homólogo chinês Xi e está disposto a encontrar-se com o Presidente Putin, o que, a meu ver, indicia a inevitável nova ordem tripolar (bit.ly/3UFAVwG).
Peça traduzida do espanhol para GeoPol desde a página de Alfredo Jalife-Rahme
As ideias expressas no presente artigo / comentário / entrevista refletem as visões do/s seu/s autor/es, não correspondem necessariamente à linha editorial da GeoPol
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