A guerra contra a China

 Jochen Mitschka


Após a guerra económica, a guerra quente contra a China está agora ao nosso alcance


Tantas coisas dramáticas estão a acontecer neste momento, que estão a ser observadas com grande atenção pelo Sul Global, que é difícil focar um tópico. Há a condenação de Lula à intervenção da Rússia na Ucrânia, a candidatura do México à adesão aos BRICS. A mediação da China entre os inimigos Arábia Saudita e Irão e a sua possível adesão aos BRICS, provavelmente a notícia mais importante da semana. Ou a visita de Macron aos países africanos com os quais anunciou o alegado fim de uma era colonial. Ou os resultados da investigação de jornalistas alemães que vêem os bombistas do Nord Stream em círculos de apoiantes da Ucrânia num barco à vela. Mas entre estes e muitos outros indícios de mudanças drásticas na política mundial, destaca-se uma questão, mas que quase não é notada pelos nossos meios de comunicação de qualidade: A China abandonou todas as restrições diplomáticas e pegou na luva que os EUA atiraram repetidamente para o ringue. Após a guerra económica, a guerra quente contra a China está agora ao nosso alcance.

Como começou

Em 2012, Mearsheimer vinha sugerindo há anos que a guerra entre os EUA e a China era inevitável. Na minha grande ingenuidade, ainda acreditava, na altura, que deveria haver certamente alguém com poder político no Ocidente que fizesse frente aos EUA. E eu acreditava que as teses de Mearsheimer poderiam ser refutadas por uma política activa de paz(1).

Em 2015, vários académicos, para além de Mearsheimer, alertaram uma vez mais para a ameaça de guerra, inclusive para os membros do Parlamento da UE. Mas isto também caiu por terra, em grande parte ignorada e sem a atenção dos meios de comunicação social(2). Tudo o que foi dito na altura, tudo o que tinha sido avisado contra, aconteceu.

Quando a demonização da Rússia e da China(7) de acordo com o roteiro "Como justificar uma guerra" se tornou cada vez mais forte, quando a guerra já há muito tinha começado devido às sanções, deveria ter ficado claro para qualquer pessoa interessada na política, o mais tardar, para onde se dirigia a política imperial.

A contagem decrescente

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Jochen Mitschka
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