Nenhuma das três superpotências geoestratégicas nem as potências do Médio Oriente pretendem uma guerra regional; O único canhão solto parece ser o primeiro-ministro Netanyahu


O Irão, mais do que o Hezbollah, pesa o alcance da sua legítima defesa, que também exibe as suas limitações, para não conceder a Netanyahu o seu objetivo de inclinar os EUA para a destruição do país persa (bit.ly/4dmULnpx).

O Irão também não quer conceder a vitória eleitoral a Trump, o grande aliado de Netanyahu, enquanto negoceia nos bastidores com a equipa de Biden. A tal ponto que o secretário de Estado, o cázaro (bit.ly/3QqemJr) Antony Blinken, tinha prevista uma espetacular escala no Irão (bit.ly/4fGBxe9), que foi adiada, em plena Cimeira do Cessar-Fogo e dos Reféns (bit.ly/4fGj0yF) promovida pela equipa Biden.

O ex-diplomata britânico Alastair Crooke argumenta (bit.ly/3yCOPro) que há duas fases no cenário de retaliação do Irão contra Israel:

1. o uso do arsenal de mísseis dissuasores do Irão e a profundidade dos seus danos (bit.ly/4dHG6Db), e

2. a reação de Netanyahu: ou incitar os EUA a destruir o Irão, ou usar as suas armas nucleares tácticas (mega sic!), o que o ex-coronel Douglas Macgregor explicitou sem rodeios (bit.ly/4fGeksB).

A retaliação do Irão tem de ser neurocirúrgica de alta precisão, se os EUA não quiserem ser esmagados por Netanyahu.

Atualmente, nenhuma das três superpotências geoestratégicas – EUA/Rússia/China – deseja envolver-se numa guerra mundial nuclear, 83 dias antes das eleições presidenciais americanas.

Nem as potências do Médio Oriente – Egito/Turquia/Arábia Saudita – pretendem uma guerra regional. O único canhão solto parece ser o primeiro-ministro Netanyahu, que, após o seu bombástico discurso de 24 de julho no Congresso dos EUA, recebeu luz verde para enfrentar o Irão e, goste-se ou deteste-se, detém a carta apocalíptica sinistra (bit.ly/3WN9Vv8) com os seus aliados irredentistas, o Ministro das Finanças Bezalel Smotrich - que não se coíbe de levar a fome terminal a 2 milhões de palestinianos em Gaza (bit.ly/3X1ANZD) – e o ministro do Interior Itamar Ben Gvir, que acaba de se exibir com a sua enésima provocação nos arredores da Mesquita de Al Aqsa em Jerusalém (bit.ly/4cldK0l).

Hoje, o problema não é travar o Irão, mas sim conter Netanyahu e a sua opção Sansão (bit.ly/4dHy8uq).

O portal chinês não oficial Global Times analisa a difícil opção do Irão para não atrair os EUA para a armadilha de Netanyahu (bit.ly/46Jo1m2).

Parece que as negociações estão a decorrer: ontem, os preços do petróleo caíram 2,14%, depois de terem subido 5%.

O embaixador do Irão na ONU deu sinais inequívocos de que o seu país não quer uma guerra regional e que aprovaria o acordo de cessar-fogo e de libertação de reféns se fosse aceite pelo Hamas (bit.ly/3TbjQKj), que substituiu o negociador palestiniano assassinado Ismail Haniyeh pelo icónico guerrilheiro Yahya Sinwar, que, juntamente com o alegadamente liquidado Mohammed Deif (bit.ly/3Xd0w1H), operou o ataque de 7 de outubro que colocou Israel em apuros.

O novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, manteve conversações com o belga Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, com o objetivo de reavivar as negociações nucleares – promovidas pela dupla Obama/Biden e abolidas por Trump – o que significaria, a meu ver, para além do levantamento das sufocantes sanções por parte dos EUA, uma contrapartida paracalibrar, limitar ou mesmo adiar a retaliação do Irão (bit.ly/3Z1Pr4T).

O Secretário da Defesa, Lloyd Austin, falou com o seu homólogo israelita, Yoav Gallant, cinco vezes (sic) numa semana para reiterar o seu apoio incondicional (bit.ly/4fUbtwm). Para além de o porta-aviões USS Theodore Rooseveltapoiar Israel, Austin ordenou ao porta-aviões USS Abraham Lincoln, equipado com bombardeiros F-35C, que acelerasse a passagem para as costas de Israel em uníssono com o submarino de mísseis guiados de propulsão nuclear USS Georgia, que transporta 154 mísseis de cruzeiro Tomahawk (bit.ly/4crFfWi).

Será que o Irão conseguirá concretizar a sua retaliação sem que Netanyahu recorra à sua opção Sansão ou envergonhe os EUA em período eleitoral?


Peça traduzida do espanhol para GeoPol desde a página de Alfredo Jalife-Rahme

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ByAlfredo Jalife-Rahme

Médico, autor e analista de política internacional. Escreve para a Sputnik e La Jornada, do México.

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