Um dos principais problemas da abordagem de Washington é imaginar que os países do Sul Global partilham o interesse de Washington em contrariar o domínio russo e chinês no mundo


O amor recém-descoberto de Washington pelo Sul Global não é um desenvolvimento estranho. Tendo aparentemente "conquistado" a política externa da Europa ao forçá-la a alinhar-se com os EUA relativamente à Rússia e à Ucrânia, Washington está agora interessado em expandir a sua influência para travar a deriva dos sistemas políticos globais em direção a um mundo multipolar. Uma das principais razões que contribuem para a nova abordagem de Washington é o facto do conflito na Ucrânia ter exposto de forma justa os limites do mundo unipolar, na medida em que a manutenção deste sistema exige conflitos militares. Por outro lado, a resistência da Rússia contra a unipolaridade criou um cenário global em que os países fora do mundo desenvolvido se tornaram geopoliticamente muito relevantes, na medida em que ignorá-los já não pode funcionar da melhor forma possível em benefício dos EUA. Ao mesmo tempo, a própria deslocação bem sucedida da Rússia para o mundo fora da Europa foi mais ou menos um choque para Washington, que acreditava que empurrar a Rússia para fora da Europa acabaria com ela. É evidente que isso não aconteceu.

Imagem de capa por Peter Miller sob licença CC BY-NC-ND 2.0 DEED

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BySalman Rafi Sheikh

Licenciado na Universidade Quaid-i-Azam, em Islamabad, escreveu tese de mestrado sobre a história política do nacionalismo do Baluchistão, publicada no livro «The Genesis of Baloch Nationalism: Politics and Ethnicity in Pakistan, 1947-1977». Atualmente faz o doutoramento na SOAS, em Londres.

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