Mas porque é que os Estados-Civilização estão a emergir agora, re-propondo-se como actores primários da História quando, há apenas algumas décadas, alguns afirmavam que ela tinha acabado? É o repúdio dos padrões ocidentais, juntamente com o axioma de que para modernizar é preciso ocidentalizar
Introdução
A decomposição do unipolarismo está a provocar uma transição hegemónica, uma transferência de poder epocal que nos leva a uma "terra incógnita", apressadamente rotulada pela maioria com o termo "multipolarismo", quer queiram quer não, ausente do mundo há pelo menos 80 anos. Tentar compreender os motivos e os mecanismos do fenómeno fora da mera afirmação política — ou da afirmação pura e simples na ausência de conteúdo - ajuda a intuir os contornos e as características do que está a emergir.
Num artigo anterior, abordámos longamente a forma como o unipolarismo americano determinou a instauração do Globalismo, do Imperialismo e do Universalismo através do recurso aos três tipos de guerras híbridas, respetivamente: o Marketing Global, a Guerra Económica e a Guerra Cognitiva. Com a primeira, assumiu o controlo dos mercados globais exportando uma visão — se assim se pode chamar — do mundo e, certamente, um estilo social; com a segunda, atingiu o objetivo de realizar o seu próprio interesse económico à custa das economias dos outros; com a terceira, impôs um modelo social e cultural inquestionável, o único admitido e considerado aceitável, através da manipulação das mentes.
Teria sido assim criado um sistema hegemónico destinado a durar muito tempo, se os Estados Unidos não tivessem quebrado a dinâmica do poder, exercendo-o à sua maneira peculiar. Enquanto os impérios se mantêm na história, alternam fisiologicamente fases de expansão que se metabolizam em sucessivas fases de consolidação. É evidente que um império recém-formado, como era o dos EUA em 1945, tinha uma abordagem tanto dinâmica como expansiva, que, no entanto, durante vários anos teve um freio - diríamos um sentido de limitação necessário — no duopólio com a URSS, com a qual partilhava o mundo de forma mais ou menos consensual (em todo o caso especulativa).
Imagem de capa por Payam Moin Afshari sob licença CC BY-NC 2.0 DEED
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